quarta-feira, 7 de outubro de 2015

Racismo - Uma reflexão universal


A raça, um falso conceito, uma verdadeira opinião. O racismo, uma teoria falsa, uma prática que mata. O sucesso de uma palavra.
 A atualidade deste século XXI é feita de conflitos entre as diversas identidades que povoam o planeta humano. 

Se as teorias do racismo, tais como racismo, a xenofobia, o ódio étnico, as guerras de identidade prosperam sem vergonha no mundo, então o mundo terá um fim desagradável.

A palavra racismo é um daqueles sacos onde tudo cabe, cujo o sentido se verga aos diversos usos que os utilizadores fazem dela. Hoje em dia é no plural que ela se declina. 
O racismo faz parte das palavras terminadas em «ismo» que, pela magia do seu sufixo, pretendem fundar uma teoria a partir de um novo conceito.

Raça, racismo, heterofobia, xenofobia. Qual o sentido de cada uma destas palavras? Que objetos designam?
A palavra raça é um conceito para categorizar diferentes populações de uma mesma espécie biológica, como as suas características físicas.
A palavra racismo é a convicção sobre a superioridade de determinadas raças, com base em diferentes motivações, em especial as características físicas e outros traços do comportamento humano.
A palavra heterofobia vem do temor, medo, aversão, ódio, rejeição daquele ou daquilo que vem do exterior. Por extensão, rejeição do «outro», do diferente, pelo seu aspeto, o seu sexo, a sua maneira de ser, a sua cultura ou o seu estilo.
A palavra xenofobia vem do temor, aversão, ódio, rejeição daquele que é apercebido como sendo estrangeiro, daquilo que vem do estrangeiro porque supostamente ameaçador de um equilíbrio, de uma harmonia local. 

A raça, racismo, heterofobia, xenofobia, cada um destes termos reenvia-nos para noções tais como a classificação da espécie humana ou para sentimentos de medo e de ódio.

O racismo exprime-se primeiro que tudo nas palavras do quotidianos, na linguagem. Os textos, os sábios discursos autorizam em seguida a passagem ao ato, à prática política. 
O racismo repousa sobre um paradoxo da razão: a vontade de classificar, de pensar em termos de teoria, confrontada com o efeito perverso desta busca intelectual, quando esta última legitima a rejeição do outro. 

O racismo já percorre uma longa estória de maldade e de vergonha humana como por exemplo: os conquistadors e os índios americanos; o tráfico de negros de África para o Brasil; os índios da América do Norte (o famoso Far-West); a escravatura nos Estados Unidos; o genocídio dos arménios e minorias do Cáucaso; a colonização; o apartheid na África do Sul; o nazismo na Alemanha; os Ciganos; o genocídio ruandês; o islamismo radical no Próximo Oriente; xenofobismo na Ex-URSS; na Ex- Jugoslávia a chamada «purificação étnica»; o etnocídio no Tibete.

A crise social que bate à porta dos países desenvolvidos, só alimenta uma xenofobia transformada numa máquina de guerra política.

Sempre fez parte do «discurso e da história oficial» que os Portugueses não são um povo racista, que sempre respeitaram os outros povos e com eles mantiveram boas relações. O Brasil e a criação da mestiçagem são apontados como exemplos paradigmáticos desta diferença.  Mas será assim?

Todos os povos se consideram únicos, perfeitos e especiais, e os portugueses não fogem à regra. Mas isto não significa que sejamos melhores ou piores que os outros povos. O colonialismo português foi diferente, mas também o inglês, o francês, o holandês e o espanhol. 

Portugal foi sempre um país de emigrantes e de imigrantes. Estes são na sua maioria homens, jovens, com poucas habilitações literárias e a trabalhar atualmente na construção civil. Contudo, começamos a ver uma mudança, com a vinda que muitos imigrantes já com um elevado grau de habilitações literárias, e que tentam integrar o mercado de trabalho português, aprendendo a língua portuguesa, para facilitar a integração. 

O combate contra o racismo não é uma questão de bons sentimentos mas uma luta que se leva a cabo em várias frentes. Dispositivos jurídicos nacionais e internacionais tem vindo a tentar colocar atitudes, escritos e práticas racistas sob a alçada da lei e sujeitos a punição. 

O trabalho de memória, a educação cívica, a escola são os primeiros vetores da luta contra o racismo. Ela passa pela reconstrução de algumas referências morais e essenciais radicalmente distantes da atual atmosfera dos tempos. 

A luta contra o racismo consiste antes de mais em lutar contra os preconceitos mas também contra as demagogias e as generosidades de aparência. 
O racismo é universal. Reduz a ideia de humanidade.
Kadaf disse: «quando batemos num judeu, é a humanidade inteira que atiramos à terra». 
Podemos dizer de outra forma: quando salvamos um homem, é a humanidade que salvamos.
 Este é lema para ser transmitido, o lema para ser alcançado. O ser humano tem o direito de viver neste mundo pequeno, tem o direito de ter a sua raça, a sua cor, a sua ideologia, como também tem o dever de respeitar tudo e todos. Não somos obrigados a convertermo-nos em algo ao qual não acreditamos, mas como ser humanos devemos aceitar o outro tal como ele é, desde que este o faça também.
Vamos ter esperança que um dia tudo e todos possam viver dentro de um clima mais saudável de ser respirado. 




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