sábado, 18 de janeiro de 2020

Linhas da Vida



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Quando começamos a dar conta que a Vida de certa forma não é assim tão «Disney»,  pedimos com todas a forças que o tempo volte a trás para se corrigir o que se fez de mal, se pensou ou se falou. 
Todos os sonhos que se tinha eram simples sonhos, nada mais. A realidade da Vida não é assim tão abstrata, é uma desilusão, uma conquista, um caminho de «montanha russa».
Deparámos com pessoas e com situações que de certa forma pensamos que faz parte daquilo que chamamos de sina ou «fado». Num momento até pensamos num «dejá vu», vemos pessoas ou nos colocamos em situações estranhas que supostamente já passamos por elas num certo momento, num certo minuto ou num certo segundo. Dai que surge a necessidade de definirmos a palavra VIDA.

O que é a Vida? 
Em termos científicos é de certa forma o nosso percurso ativo, onde o nosso organismo se encontra vivo para pensar, sentir e fazer.

Mas o que será a Vida em termos abstratos?
A vida é um conceito complexo, um percurso de altos e baixos, de sentimentos contraditórios, de luzes e escuridões, de risos e lágrimas, de amores e desamores, de prós e contras.

Passamos a vida a pensar o que fazer, o que sentir e o que falar...em busca do desconhecido, da aventura, do limite...em busca de tudo aquilo que faz e não faz sentido!

O que é a Vida, então? 
É uma pergunta que provoca longas discussões criativas e saudáveis! Isto porque a resposta a esta pergunta depende de cada pessoa, da religião, da cultura, da política, da economia, da educação, depende de tudo e de nada. 

Não é uma pergunta fácil de responder. É o mesmo que perguntar o que é o Amor - Amizade - Ódio.
São conceitos difíceis de definição, pois cada conceito depende da vivência e da experiência que a própria «Vida» lhe proporcionou e do estado em que naquele momento a pessoa de encontra.

Chegamos a ser hipócritas ao ponto de acharmos que somos sabedores da definição de todos os conceitos envolventes da palavra VIDA. No fim, somos uns meros peões com prazo de validade, que todos os dias provocamos, desprezamos, destruímos, choramos, amamos e sorrimos!

Vivam a Vida tal como ela vos foi dada e não tentem procurar definição de tudo que vos envolve, pela simples razão que estamos neste mundo em passagem, que esta seja recordada pelos que ficam de forma positiva.
Basta de destruir o que nos envolve, basta ser um estúpido hipócrita, orgulhoso e egocêntrico. O Inferno já esta cheio de bestas destas...façam-se boas pessoas com pequenas e simples ações, e não esperem nada em troca… pois essa é a verdadeira essência do ser humano. 

Assinado: Sónia Gonçalves

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

O Mal de Alzheimer


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O Mal de Alzheimer, Doença de Alzheimer (DA) ou simplesmente Alzheimer, é uma doença degenerativa atualmente é incurável, mas que possui tratamento. O tratamento permite melhorar a saúde, retardar o declínio cognitivo, tratar os sintomas, controlar as alterações de comportamento e proporcionar conforto e qualidade de vida ao idoso e sua família. Na doença de Alzheimer uma diminuição do tamanho geral do cérebro, em resultado da perda de neurónios. As circunvoluções tornam se mais estreitas e os sulcos mais largos.

Podemos ter como fatores de risco:

  • Idade;
  • História familiar;
  • Baixo nível de educação, neste caso, a atividade intelectual parece exercer um efeito protetor;
  • Tabagismo
  • Inatividade Física
  • Depressão
  • Hipertensão
  • Obesidade
  • Diabetes
A demência de Alzheimer passa pelas seguintes fases:
- Fase Inicial: dura de 2 a 4 anos
  • Agnosia: dificuldade em reconhecer e identificar objetos 
  • Apraxia: dificuldade de execução de movimentos 
  • Incontinência urinária pode aparecer 
  • Perda de memória, confusão e desorientação 
  • Ansiedade, agitação, ilusão, desconfiança 
  • Alteração da personalidade e do senso crítico 
  • Dificuldades com AVD (cozinhar, fazer compras, conduzir, telefonar) 
- Fase Intermediária: pode durar de 3 a 5 anos
  • São afetadas as atividades instrumentais e operativas
  • Dificuldade em reconhecer familiares e amigos
  • Perder-se em ambientes conhecidos
  • Alucinações, perda de peso, incontinência urinária
  • Dificuldades com a fala e a comunicação
  • Movimentos e fala repetitiva
  • Distúrbios do sono
  • Problemas com ações rotineiras 
  • Início de dificuldades motoras
- Fase Final
  • Dependência total
  • Incontinência urinária e fecal
  • Tendência em assumir posição fetal
  • Ausência da linguagem voluntária ou não
  • Restrito a cadeira ou ao leito
  • Presença de úlceras por pressão
  • Perda progressiva de peso
  • Infeções urinárias e respiratórias
  • Término da comunicação
- Quarta fase (Terminal)
  • Paciente está completamente dependente das pessoas
  • Linguagem reduzida a simples frases ou até a palavras isoladas, eventualmente, em perda da fala
  • Apesar da perda da linguagem verbal, podem compreender e responder com sinais emocionais
  • Agressividade pode estar presente, apatia extrema, cansaço são comuns
  • Não conseguem desempenhar as tarefas mais simples sem ajuda
  • Massa muscular e mobilidade degeneram-se a tal ponto que o paciente tem de ficar deitado numa cama
  • Perdem a capacidade de comer sozinhos
  • Morte normalmente não é causada pela doença, mas por outro fator externo (ex: pneumonia) 
Alzheimer – Manifestações clínicas
  • Manifestações mais comuns são a apatia, irritabilidade e instabilidade emocional, chegando ao choro, ataques inesperados de agressividade ou resistência ao cuidado
  • Doente pergunta a mesma coisa centena de vezes, mostrando a sua incapacidade de fixar/memorizar algo novo
  • Palavras são esquecidas, frases são trocadas, muitas permanecendo sem finalização
  • Apesar da perda da linguagem verbal, os doentes podem compreender e responder com sinais emocionais
Alzheimer – Diagnósticos
  • Diagnóstico é difícil pois a doença não tem sintomas físicos específicos. Os sintomas são mentais e de comportamento e, por isso, durante muito tempo as pessoas deixaram de encarar esse distúrbio como uma doença que exige intervenção
  • Fase Inicial: TAC e RMN costumam não indicar alterações, mas numa fase mais avançada pode indicar uma alteração no volume cérebro
  • Ao notar sintomas de Alzheimer, o próprio portador tende a escondê-los por vergonha. A família precisa estar atenta e, se identificar algo incomum, deve encaminhar o idoso
  • É preciso diferenciar o esquecimento normal de manifestações mais graves e frequentes, que são sintomas da doença. Não é porque a pessoa está mais velha que não se vai lembrar do que é importante.
Alzheimer – Testes Neuropsicológicos
  • São de difícil aplicação em pacientes idosos
  • Aplicado por profissional especializado sendo úteis em casos fronteiriços na diferenciação de processos demenciais iniciais
  • Baterias de testes que incluem várias questões (33) e requerem em média 30min para serem aplicados

Tratamento:
Não existe cura para o Alzheimer, no entanto, existem cuidados a ter para manter a qualidade de vida do idoso. 
Existem para estes pacientes, quatro tipos principais de terapias:
  • Terapia da orientação para a realidade: trabalha os aspetos cognitivos e intelectuais, memória.
  • Terapia física: melhora e manutenção das condições físicas, motoras e respiratórias.
  • Terapia ocupacional: maximiza o desempenho para as atividades da vida diária.
  • Terapia ambiental: sugere e indica mudanças e adaptações ambientais no domicílio e nas instituições, com o propósito de facilitar o dia-a-dia e prevenir acidentes. 
Medicamentos Psiquiátricos
  • Como a depressão e ansiedade são um problema constante no Alzheimer é comum que os médicos prescrevem antidepressivos. 
  • Antidepressivos além de melhorarem o humor, o apetite, o sono, o autocontrole e diminuírem a ansiedade, tendências suicidas e agressividade tem demonstrado também, significativamente retardar a degeneração do cérebro. 
  • Haloperidol (haldol) – reduz as alucinações, a agressividade, os distúrbios de humor, a apatia e a disforia (angústia) que são comportamentos que ocorrem com a evolução da patologia.
  • Diazepem (valium) – usado para insónia, ansiedade, agitação motora e irritabilidade.
 Como qualquer demência o que temos de ter em conta no final, será a utilização das palavras paciência, transparência, aceitação e, acima de tudo, dar muito apoio, carinho e amor.
 Sei sem dúvida que tudo isto são meras palavras escritas e que na realidade tudo não passa de um esgotamento físico e psíquico. Mas com ajuda de profissionais acredito que podemos mudar um minuto de cada vez ou até mesmo um mês ou ano de cada vez. Para isso a família tem de fazer, o que eu chamo " de luto", pois só assim conseguimos caminhar todos juntos de mão dada para um mundo melhor e de aceitação. 



quarta-feira, 20 de abril de 2016

Inclusão e Necessidades Educativas Especiais


Segundo Correia(1999), “o conceito de necessidades educativas especiais(NEE), (…) surge de uma evolução nos conceitos que até então se usavam, quer eles fossem de cariz social, quer educacional. O termo NEE vem, assim, responder ao principio da progressiva democratização das sociedades, reflectindo o postulado na filosofia da integração e proporcionando uma igualdade de direitos, nomeadamente o que diz respeito à não descriminação por razões de raça, religião, opinião, características intelectuais e físicas, a toda a criança e adolescente em idade escolar.”      
 
 “O conceito “Necessidades Educativas Especiais” tem, em Portugal, contornos fluidos e não parece ser percepcionado exactamente da mesma forma pelo conjunto dos agentes envolvidos: destinatários da acção educativa especial, pais, docentes, docentes especializados, médicos, técnicos de saúde, terapeutas, técnicos especializados, técnicos da administração educativa, associações de deficientes, entre outros.” 

Tipos de NEE

             
  • Permanentes
Exigem adaptações generalizadas do currículo; Este deverá ser adaptado às características do aluno.  As adaptações mantêm-se durante grande parte ou todo o percurso escolar do aluno.            
  • Temporárias
Exigem modificações parciais do currículo escolar, adaptando-o às características do aluno num determinado momento do seu desenvolvimento.          
Contudo, “A avaliação das Necessidades Educativas Especiais (NEE) das crianças e jovens que frequentam as estruturas regulares de ensino é um processo de grande complexidade que envolve diferentes dimensões, não se devendo centrar exclusivamente nos problemas dos alunos, como também em todos os factores que lhe são extrínsecos e que podem constituir a causa primeira das suas dificuldades.”, perante tal facto, foi laborado um documento pelo Ministério da Educação, enquanto instrumento de trabalho, no processo de Avaliação e intervenção de alunos com NEE de carácter permanente.  


O sistema educativo português esteve empenhado em reestruturar as escolas públicas no sentido da as tornar verdadeiras comunidades educativas onde todos os alunos pudessem aprender juntos e onde um sentido de pertença constitui-se num verdadeiro credo para esses mesmos alunos, para todos os profissionais de educação e para os pais.
Uma reorganização educacional deste tipo provocou alterações profundas na forma como hoje em dia se faz a educação, ou seja, houve uma  procura de estratégias que reunificassem o ensino regular e a educação especial, que introduzissem nas escolas serviços de apoio diversificado, especializado se fosse esse o caso, que realçasse programações individuais, quando justificadas, com o fim de melhor responder às necessidades educacionais dos alunos, e que promovessem a educação e a participação dos pais. 
Será que todo este empenho deu grandes frutos? Em algumas escolas deu grandes frutos, mas não em TODAS AS ESCOLAS.

A inclusão é um tema controverso que tem vindo a ser debatido internacionalmente nos últimos anos. Em alguns países a educação inclusiva ainda é apenas relacionada com os alunos com necessidades educativas especiais mas internacionalmente a ideia de inclusão começa a ser relacionada como uma reforma educativa que suporta e incentiva a diversidade de todos os estudantes. Sendo assim o objetivo principal da inclusão é a eliminação da exclusão social (UNESCO 2008). Para Ainscow (1997) a inclusão diz respeito a todos os alunos que são excluídos devido a uma qualidade de ensino pouco satisfatória ou à falta de organização das escolas e das salas de aula, que acabam por não oferecer condições de sucesso de aprendizagem e de participação de todos os alunos. Por outro lado, rejeitar a ideia de que a inclusão diz respeito apenas a alunos com Necessidades Educativas Especiais é entrar num campo perigoso que pode causar o esquecimento da importância da atenção sobre a exclusão destes alunos e por sua vez causar a segregação contínua destes alunos. 

No ano passado em Portugal o ensino obrigatório passou do ensino básico para o ensino secundário para todos os alunos. Consequentemente, a transição para o ensino secundário é uma experiência inevitável para todos os alunos que desejam concluir o ensino obrigatório. A transição é um momento mas pode invocar sentimentos de anonimato, diminuição da perceção da qualidade de vida académica, e provocar dificuldades na resistência à pressão dos pares e problemas na relação com os pais, os professores e os pares.

A escola tem como objetivo promover a inclusão. Então o que significa inclusão?
É a nossa capacidade de entender e reconhecer o outro, assim ter o privilégio de conviver e compartilhar com pessoas diferentes de nós. A educação inclusiva acolhe todas as pessoas , sem excepção. É para o aluno com deficiência física ou cognitiva, para os que têm comprometimento mental, para os sobredotados, para todas as minorias e para a criança que é discriminada por qualquer outro motivo.

Que benefícios trás a inclusão para os alunos?
A escola tem que ser o reflexo da vida do lado de fora. O grande ganho, para todos, é viver a experiência da diferença. Se os alunos não passam por isso na infância, mais tarde terão muita dificuldade de vencer os preconceitos.
A inclusão possibilita aos que são discriminados pela deficiência, pela classe social ou pela cor que, por direito, ocupem o seu espaço na sociedade. Se isso não ocorrer, essas pessoas serão sempre dependentes e terão  uma vida cidadã pela metade.
Não podemos ter um lugar no mundo sem considerar o do outro, valorizando o que ele é e o que ele pode ser. Além disso, para nós, educadores, professores, animadores, auxiliares, entre outros, o maior ganho está em garantir a todos o direito à educação.

O que faz uma escola ser inclusa?
Em primeiro lugar, um bom Projeto Pedagógico, que começa pela reflexão. Diferentemente do que muitos possam pensar, inclusão é mais do que ter rampas e casas de banho adaptadas. A comunidade escolar inclusa deve discutir o motivo de tanta indisciplina, de os professores não darem conta do recado e de os pais não participarem.
Um bom projeto valoriza a cultura, a história e as experiências anteriores da turma. 
As práticas pedagógicas também precisam de ser revistas. Como as atividades são seleccionadas e planeadas para que todos aprendam?
Atualmente, muitas escolas diversificam o programa, mas esperam que no fim das contas todos tenham os mesmos resultados. Os alunos precisam de liberdade para aprender no seu tempo, de acordo com as suas condições. E isso vale para todos os alunos com deficiência ou não. É muito bonito fazer um projeto pedagógico de inclusão, quando não respeitamos o tempo dos alunos.

Estamos num processo de consciencialização. A escola precisa de adaptar-se para a inclusão?
Além de fazer adaptações físicas, a escola precisa de oferecer atendimento educacional especializado paralelamente às aulas regulares, de preferência no mesmo local. Assim, uma criança cega, por exemplo, assiste às aulas com os colegas que vêm e, em contrapartida treina a mobilidade, locomoção, uso da linguagem braille e instrumentos para fazer contas, como o ábaco. Tudo isto ajuda na sua integração dentro e fora da escola.
Este processo de atendimento especializado é visto em algumas escolas, em outras nem existe. Então a escola não deverá ser inclusa começando pelos técnicos? Pois bem, é verdade. Mas infelizmente temos técnicos que nem assistem ás aulas para apoio aos alunos com necessidades educativas especiais. Este tipo de mentalidade tem de mudar drasticamente, pois a inclusão deve começar pelos professores e técnicos especializados. O exemplo vem sempre de cima. 


Atualmente, as escolas públicas têm um técnico especializado, embora achasse que deveriam haver mais técnicos mas com cursos de linguagem gestual e de braille. 
A inclusão não admite qualquer tipo de discriminação, e os mais excluídos sempre são os que têm deficiências graves ou se comportam de forma diferente em relação à sociedade. 
Todos os alunos devem ser educados nas escolas das suas áreas de residência. As escolas devem reger-se pelo principio da «rejeição zero», nenhum aluno deve ser excluído da escola com base na natureza ou severidade da sua problemática. 
Os alunos com NEE (necessidades educativas especiais) devem ser educados na escola regular, em ambientes apropriados à sua idade e nível de ensino. Esta componente tem gerado bastante controvérsia, especialmente porque continua a não existir um consenso acerca da eliminação do «continuo de serviços educativos», acerca da quantidade de tempo que os alunos com NEE devem passar no ano regular e acerca do significado dado à expressão «todos os alunos», para fins de colocação no ano regular. 

O ensino cooperativo e a tutoria de pares são métodos de ensino preferenciais. Estes tipos de ensino proporcionam uma grande diversidade de oportunidades de aprendizagem para todos os alunos, incluindo aqueles que apresentam NEE. 

Em conclusão, não há receitas únicas para melhoria da educação, e portanto, das aprendizagens de todos os alunos, nem soluções que assentem em dicotomias ideológicas que baralham mais os que ajudam. Não aceito que a melhoria da educação passe pela anulação dos conflitos que nos desinquietam, mas acredito que lidar com esses conflitos pode ser a grande estrada para ir construindo o caminho que fará da educação deste país não uma paixão, mas um amor solidamente construído. Devemos continuar este trabalho da inclusão e aceitação do outro, mas com uma comunidade escolar unida. Sei que dá e vai dar muito trabalho, mas o que é a vida e a paixão sem trabalho, devemos continuar a proporcionar um ambiente saudável e aceitável para que todos vivam em conjunto e não se exclua o que é diferente na sociedade. A sociedade é um múltiplo de personalidades diferentes, e não será por este motivo que tenhamos de excluir o que vai contra as nossas ideologias. 

Não devemos desistir de ninguém! Existe a esperança e o sonho de fazer algo de muito grandioso, sejam alunos com ou sem NEE.


quarta-feira, 13 de abril de 2016

A importância do Professor nos dias de hoje!

Em todas as espécies de animais existe aquilo a que se chama instinto protector, que diz respeito à atitude de proteção dos progenitores  em relação ás suas crias, face aos perigos que o mundo lhes reserva, com o objetivo de as preparar.

Dentro da espécie humana, o que é preparar as crianças o melhor possível? A que se deve aplicar o termo instinto protector? Por norma, a preparação de uma cria para o mundo organiza-se à volta de competências para lidar com aquilo que mais as ameaça: proteger-se dos predadores, das condições atmosféricas, a procura de alimento, a procriação. Contudo, as transformações nos habitats são, às vezes, tão rápidas que não permitem que as espécies se adaptem às novas exigências do meio. Por isso se verifica, por vezes, a extinção de uma determinada espécie. 
A espécie humana é a mais complexa de todos animais. As crias dos humanos são, sem dúvida, aqueles que mais aprendizagens fazem como preparação para a idade adulta. Talvez por isso é que a espécie humana seja a única que está organizada de forma a que não sejam os progenitores os únicos intervenientes na preparação das «crias», mas se tenha criado a função e uma categoria especificamente vocacionada para a preparação das «crias» para a idade adulta: os professores. 

O que se espera desta organização é uma complementariedade no desenvolvimento das competências que ajudarão as «crias» a movimentarem-se na sociedade de uma forma adaptativa. A questão que se coloca é saber, então, quais são essas competências que é necessário desenvolver nas «crias» humanas.
Contudo, não podemos esquecer que os professores não são os pais destas «crias», e que existe uma responsabilidade acrescida da parte dos progenitores em projectar e construir um caminho orientador das suas «crias», sem colocar a total responsabilidade aos professores. 

As mais evidentes são as competências diretamente ligadas com a sobrevivência (alimento e propagação da espécie). A forma como os seres humanos asseguram a sua alimentação é através do exercício de uma atividade que lhes dará dinheiro para adquirirem os bens de que necessitam. Por isso, pais e professores(e principalmente a escola) organizam-se para que as «crias» desenvolvam competências no sentido de virem a desempenhar uma tarefa capaz de lhes garantir o sustento, ou seja, preparam-na para o exercício de uma profissão.

Parte-se do principio que o ajustamento dos indivíduos dependerá da forma como consiga fazer contas, ler um texto, saber falar uma língua estrangeira ou utilizar um computador. E se estas competências seriam, suficientes numa outra espécie animal, nos homens existe uma outra dimensão, igualmente importante para a sobrevivência - a dimensão emocional. 

Esta dimensão é frequentemente direccionada para segundo plano, não se dando importância ao que chamamos de sobrevivência emocional dos indivíduos. É que o termo sobrevivência não diz respeito apenas a viver ou morrer,mas também à qualidade de vida. E neste sentido, cada vez surgem mais evidências de que a qualidade de vida emocional dos indivíduos da nossa sociedade está cada vez mais longe de conseguir o que seria o mais adequado ou desejável.

Para além das vertentes emocionais interligarem-se em outras vertentes (por exemplo a aprendizagem e a forma como os indivíduos se envolvem nas actividades), são elas próprias o alvo de atenção particular. Por exemplo, a classe de medicamentos mais vendida em Portugal são os ansiolíticos (medicamentos para ajudar as pessoas a lidarem com a ansiedade). Por outro lado, muitos dos problemas sociais graves, como a delinquência e a toxicodependência, têm na sua origem factores emocionais. Por isso, faz sentido perguntar: preparar as crianças para a sociedade deve cingir-se a ensiná-las a ler, a aprender matemática? Ou será que deverá contemplar, também a prioridade, ajudar as crianças a lidarem com o seu mundo interno?

A sobrevivência da raça humana depende não só do fator económico mas também do ajustamento psicossocial. Daí que a escola deva constituir-se como um contexto privilegiado no desenvolvimento de competências de gestão do mundo interno. A legislação e os currículos escolares defendem que o professor deve educar o aluno como ser total, desenvolvendo não só as competências de saber-saber, como também de saber-estar e de saber-ser. A questão é: que meios é que a própria constituição, que os próprios currículos oferecem aos professores para o fazerem?

A verdade é que se pede aos professores que desenvolvam determinadas competências sem que lhes sejam dados instrumentos específicos para esse trabalho; nem sequer na universidade são formados no sentido de desenvolverem estas competências. 
Contudo, não podemos dar toda responsabilidade da educação aos professores, pois os pais podem e devem desenvolver determinadas competências aos seus filhos, como o saber-ser e saber-estar. Quando incutem a responsabilidade aos professores sobre a educação dos alunos, essa responsabilidade é dos pais.

Até há bem pouco tempo, dizia-se que os avós eram, a seguir aos pais, as figuras mais importantes na educação das crianças. Nos dias de hoje, em que a célula familiar está em profundas mudanças, em que os avós não estão tão presentes na vida das crianças, os professores são, sem dúvida, a seguir aos pais, os elementos mais importantes na educação das crianças.
Os professores surgem nos nossos dias, envoltos de um paradoxo: com um estatuto em declínio (hoje o professor já não é aquela figura de referência de há uns 50 anos atrás) e com um papel cada vez mais importante no desenvolvimento da criança.

Mas, afinal, o que é ser professor?

Um professor é uma espécie de mágico que tem o poder de transformar os pequenos acontecimentos e experiências das crianças em estórias de felicidade!
Estes são os professores dos nossos dias...Esses agentes a quem se pede muito e a quem, em determinados domínios, se oferece tão pouco! Um exemplo disto é o desenvolvimento da auto-estima, auto-controlo, gestão de emoções e competências sociais.
A escola é apontada como um importante complemento da educação parental. os professores são transformados em «pais substitutos», mas não lhes são dados nem formação especifica nem materiais para o fazerem. 

Muitos professores, os heróis, que muitas vezes salvam vidas sem terem as capas e os super poderes dos super-heróis, lidam com questões do ajustamento psicológico como podem. Mas nem assim escapam ás criticas de muitos pais e até mesmo da comunidade envolvente. Ou porque são maus, ou porque são insensíveis, ou porque são preguiçosos. A verdade é que difícil fazer mais. 

Uma questão que parece essencialmente importante: é legítimo e justo que se espere tanto de um professor quando o que se lhe dá é tão pouco? Não será hipócrita esta atitude por parte da sociedade, que insiste em valorizar a importância dos professores no ajustamento das crianças, ao mesmo tempo que insiste em nada fazer para os ajudar a levar a cabo esta tarefa? A mesma sociedade que insulta, agride, incentiva a violência quando falam mal dos professores aos seus filhos...a sociedade que tanto «valoriza» o professor e que ao mesmo tempo os coloca «no caixote do lixo»...a sociedade que valoriza a educação e os valores e que acaba por fazer o inverso...a sociedade que tem medo de educar os filhos e entendem que devem ser os professores a fazê-lo...a mesma sociedade...

Como seria de esperar, esta pressão reflecte-se no desempenho dos próprios professores: o desânimo aprendido, o stress, a depressão e a ansiedade. Ser professor nos nossos dias é o equivalente de ser policia, ou seja, uma profissão de risco. Não existem garantias de que a educação irá melhorar e que a família se vã empenhar a mudar os comportamentos dos seus filhos, das suas «crias». 

Atribuir e reconhecer a grande importância dos professores no processo de desenvolvimento das crianças terá de ser sinónimo de um grande investimento na formação dos professores, por um lado, e na produção de instrumentos que lhes permitam trabalhar determinadas variáveis, por outro. É óbvio que todas estas palavras são fáceis de escrever, quando nos deparamos com alunos agredirem professores, pais agredirem professores, insultos dos alunos e dos pais. O que na verdade terá que mudar e muito, será sem dúvida o comportamento dos pais, pois estes são a imagens dos seus filhos. Se temos um pai que insulta e agredi um professore é natural para o filho/aluno que o faça na sala de aula pois saberá à partida que o seu comportamento é aceite pela família.

Todo o respeito pelos professores terá de mudar dentro e fora de sala de aula. Os pais deverão e devem ser responsabilizados pelo comportamento delinquente dos seus filhos. Sei que terei grandes criticas de pais que vão dizer: não temos de ser responsabilizados pelo comportamento dos nossos filhos, não temos culpa que eles andem com más companhias, não sabemos o que aconteceu na sala de aula, os meus filhos nunca fariam tal coisa pois eles não foram educados assim...

Pois bem PAIS... a culpa é vossa sem dúvida e não culpem os «maus amigos»...algo dentro do seio familiar está mal quando temos adolescentes a baterem em professores que estão doentes ou que querem ordem na sala de aula. Quando os pais forem responsabilizados seriamente pelos comportamentos delinquentes dos seus filhos, será a altura em que os pais vão começar a trabalhar a educação. Educar é difícil, e para isso é necessário trabalhar, exatamente quando temos um emprego, temos de trabalhar para o manter, a EDUCAÇÃO também é assim...requer trabalho. 

PAIS não cometam o erro de serem os vossos filhos a educarem-se, isso ESTÁ ERRADO....MUITO ERRADO. 

Vocês são os pais, os donos do saber, os donos da educação, os donos das regras...os filhos só têm de cumprir com as regras impostas, não desistam de educar os vossos filhos, eles necessitam de orientação. E os professores não são os educadores familiares, são os educadores do saber. 

Nunca devemos esquecer:
Os professores são os orientadores do saber e os pais os orientadores da educação.

terça-feira, 22 de março de 2016

Num passo para o esquecimento

















Muitos falam do esquecimento físico e psicológico, mas este esquecimento especial e doloroso, que tem vindo a aumentar em todas as classes sociais - do mais pobre ao mais rico. Infelizmente, é uma batalha de muitos técnicos, colaboradores e entidades, mas tem sido difícil o trabalho.
Falamos no esquecimento nos nossos IDOSOS.

Ser-se velho era ser-se sábio; era ter-se a mais valia do tempo que fazia do velho o conselheiro, o amigo...a memória das gerações.

Devido ás alterações sociais, demográficas e económicas, surgiram diversos problemas relacionados com as pessoas que aos olhos do estado estão «inactividades pensionadas», em que as pessoas com determinada idade são pagas para ficarem inactivas, ou seja, esquecidas. Contudo, desenrola-se uma bola de problemas sociais, nomeadamente:
- Rejeição
-Afastamento
- Internamento
- Residencialismo
- Hotelaria de Luxo

Das consequências também advém tanto a imagem que a sociedade tem do idoso. como da forma como vai sendo progressivamente construída a categoria social da velhice. 
O aumento proporcional das pessoas idosas poderia, em si mesmo, não constituir um problema social se tivéssemos outra forma de entender a velhice.
A velhice representa uma fase da vida em que as capacidades e resistências físicas vão gradualmente diminuindo. Este é um fator inegável mas não dramático. Há capacidades, situações de ordem física, biológica, psicológica, sociológica e antropológica que determinam que a fase da vida, como outras, seja transitória. O progressivo declínio da pessoa deve ser entendido no sentido construtivo e dinâmico, e não de esquecimento.
Sem menosprezar outras vertentes, menciono alguns fatores que são importantes aos fenómenos atuais do envelhecimento:
- Alteração na estrutura das relações familiares
- Desmoronamento do familismo tradicional
- Organização social e económica
- Visão social do trabalho dos Idosos

As alterações na estrutura das relações familiares mudou com o inicio de períodos de pré-reforma, ou reformas antecipadas, acompanhados dos consequentes problemas de declínio da imagem de si mesmos, de perda de poder económico, de alteração da imagem social.
O familismo alterou-se com a saída dos filhos dos meios rurais à procura de melhores condições e qualidade de vida.
A organização social e económica, como já foi referido, remete para a inatividade, permitindo percepcionar o trabalho dos idosos como obsolento, improdutivo e inadequado para a evolução dos tempos.
As sociedades ocidentais têm do trabalho uma visão produtiva, uma visão de lucro e rendibilização imediatas; o trabalho dos idosos é desvalorizado.

Não há dúvida que as pessoas vivem mais tempo, ainda que o viver mais tempo signifique viver com mais vulnerabilidade. O aumento da longevidade, tanto nas mulheres como nos homens significa uma vida em condições menos favoráveis e em condições vulneráveis.

Os idosos são vistos em diferentes perspectivas consoante as várias culturas em que estão inseridos. Por exemplo, na cultura Oriental os idosos são vistos como um símbolo de sabedoria devido às experiências vividas, e por isso são os mais respeitados e com o mais alto estatuto social.
Por outro lado, nas culturas Ocidentais, perecem representar, de certa forma um «estorvo» na vida dos mais jovens, visto que não representam um papel tão ativo na sociedade. Mas esta imagem deveria e deve ser mudada. Esquecer o Idoso é colocá-lo na solidão ou no abismo. 

Conclusão:
Os idosos, hoje em dia são desvalorizados e esquecidos pela maior parte da sociedade por serem «inúteis» aos olhos de algumas pessoas, pois são muitas vezes inábeis e não dão lucro para as famílias/sociedade (infelizmente existem pessoas que tem este tipo de raciocínio que a meu ver é inadequado).
Mas os idosos também são muito importantes, pois, eles transmitem sabedoria, valores morais, estórias, lendas e o mais importante a força de viver cada segundo, cada minuto...
Não podemos esquecer que eles criaram gerações e gerações. Somos hoje quem somos porque devemos a estas pessoas sabias, carregadas de grandes valores. NUNCA devemos ESQUECER quem nos fez crescer como pessoa...Dizer NÃO ao ESQUECIMENTO é valorizar o outro principalmente o Idoso....os IDOSOS SÃO IMPORTANTES! 




terça-feira, 27 de outubro de 2015

Adolescência - aprender a viver juntos







A chamada família não existe. Cada família faz as suas próprias regras e traça as suas próprias linhas de conduta, segundo as personalidades envolvidas. Há, contudo certos estilos de educação que parecem contribuir para uma convivência mais livre de atritos para pais e filhos, isso aplica-se durante a adolescência. 



«Todas as famílias felizes se parecem umas com as outras, mas cada família infeliz é infeliz à sua maneira». ( Leão Tolstoy, Anna Karenina)









Assim sendo, temos:
  • pais autoritários 
  • pais despreocupados
  • pais firmes mas justos
Certos pais são muito melhores que outros a lidar com os problemas e a enfrentar o stress. Isso irá, afetar a forma como as pessoas reagem: os jovens que são irritadiços ou difíceis durante a infância não têm grandes hipóteses de mudar grandemente na adolescência. 

O que se deverá fazer?
  • não ser critico
  • não comparar o filho com outro
  • fazer tudo o que for possível para fomentar a auto-estima
  • lembrar que um dos bens mais valiosos é a família, onde dever-se-á falar uns com os outros, expressar os sentimentos e explicar a razão de certos comportamentos
A convivência implica, caso se aplique, conviver com irmãos. E se surge rivalidade entre eles? É normal que surja devido ao ciúme. Este é uma das principais causas das discussões familiares. Quando as tensões surgem haverá necessidade de apaziguar as brigas/discussões com delicadeza e tato:
  • não culpabilizar sempre e automaticamente o adolescente
  • não envolver-se demasiado
  • não tomar partido
  • usar um período de acalmia, para depois mais tarde falar-se do problema
  • descobrir o motivo por que,  aparentemente, o filho com quem discute é sempre o mesmo
  • não deixar de dar afeto
  • dar valor a cada filho com indivíduo
Na mesma família, os filhos são pessoas diferentes. Poderão ter necessidades diferentes e são bons em coisas diferentes. A vida familiar será particularmente difícil para um jovem que não enquadra na imagem, esperanças ou sonhos que os pais sempre tiveram para os seus filhos. É importante ajudar e descobrir algo em que possam sentir que são bons e demonstrar o orgulho dos seus êxitos. 

Escutar os filhos fá-los sentirem que o que têm a dizer é importante e que, pelo menos, percebem o ponto de vista deles e avaliam as suas dificuldades. Os adolescentes que se queixam «eles nunca me ouvem» sentem-se impotentes e frustrados, procurando formas de transmitir os seus sentimentos através de meios menos aceitáveis do que falar sobre o que sentem aos pais.
Arranjar tempo para falar dos problemas e queixas é uma das funções dos pais. Poderá não ser fácil, mas uma família com diferentes personalidades também não é fácil de lidar, a persistência e a paciência são duas armas que poderão ajudar os pais a alcançar a confiança dos filhos. 

A vida familiar pode ser caótica se toda a gente fizer as coisas de maneira diferente e em alturas diferentes, é devido a isto que todas as famílias têm regras de «convivência» que são em geral aceites por todos pela simples razão de tornar a vida familiar mais ordenada. Contudo, certas questões necessitam, de regras austeras, pois podem afetar a própria saúde e segurança do adolescente (por exemplo: fumar faz mal à saúde, não beber bebidas alcoólicas). Mas se tudo for proibido ou censurado, as regras acabarão por ser infringidas e provocam apenas ressentimentos tanto para os pais como para os filhos. 

O que fazer?
  • reduzir as regras ao mínimo mas torná-las mais claras
  • não esperar que o adolescente cumpra todas as regras ao qual os pais na idade dele também não cumpriram, contudo mostrar-lhes que as leis devem ser levadas a sério e devem ser cumpridas
  • deixar que o adolescente tenha algum espaço de manobra, para que ele possa agir de forma responsável
Todas as famílias têm regras. Mas porque razão os pais criam regras e até que ponto são necessárias?
  • Os pais querem a segurança do filho
  • Os pais preocupam-se com o bem estar do adolescente
  • Os pais sentem-se responsáveis pelo adolescente
  • Os pais querem que o lar onde vivem seja confortável e acolhedor
  • Os pais, ás vezes, não sabem o que fazer
  • Os pais gostam de sentir o controlo
Embora as crianças pequenas partilhem o que pensam e sentem com bastante facilidade, os adolescentes muitas vezes não são assim tão comunicativos.
É preciso fazer um esforço para conservar abertos os canais de comunicação com alguém que está determinado a manter a distância. Mas é fundamental que continue a falar e a escutar. Uma falha de comunicação tanto deve-se à incapacidade de uma pessoa para ouvir como à inabilidade da outra para falar. 

O que fazer?
  • aprender a ouvir
  • estar pronto para responder
  • pedir deves em quando conselhos
  • manter o espírito aberto 
  • não estar sempre a protegê-los
  • refira-se tanto aos sentimentos como aos fatos
A maioria dos problemas que as crianças têm ao crescerem e tornarem-se independentes surge devido ao desejo natural dos pais de protegerem o seu filho/filha. Uma parte da função dos pais é dar aos adolescentes a liberdade de experimentarem viver fora do ambiente familiar, mas assegurar-se de que, com isso não venham a sofrer quaisquer danos. «Porque é que me tratas como uma criança?», «Porque é que tens sempre de interferir?», «Porque não me deixas em paz?», são protestos sentidos que qualquer pai ouvirá durante uma tentativa bem intencionada de estabelecer um equilíbrio. Uma das dificuldades para os pais é que a maturidade emocional e social não vem a par e passo com o desenvolvimento físico.

É da natureza dos adolescentes exigir mais liberdade do que a que julgam que vão ter. Os pais não devem hesitar em dar de vez em quando um «não» inequívoco e não negociável.  

Os adolescentes são extremamente sensíveis a qualquer insinuação de que não sejam totalmente capazes de organizar as suas próprias vidas. Acusam os pais de estarem a interferir quando lhes dão orientações ou conselhos, ou se fazem perguntas acerca das atividades e das companhias, ou se tecem comentários a respeito dos estado em que encontra o quarto ou a secretária. É importante lembrar que a função do pai é incentivar o filho a tornar-se adulto e não mantê-lo como criança. 

Há formas eficazes para o fazer:
  • torná-lo financeiramente responsável, utilizando a mesada
  • estimular as relações dele com os amigos e o seu envolvimento em atividades fora do meio familiar
  • incentivá-lo a ir em visitas de estudo, ou outras atividades
  • dar-lhe responsabilidades em casa
  • combinar as áreas nas quais tenciona «interferir»
  • admita as suas limitações
  • deixá-lo tomar as suas próprias decisões
  • deixá-lo assumir as consequências das decisões
  • estar disponível para dar conselhos quando lhe pedir
No início da adolescência, a auto-estima depende muito dos amigos. As pessoas desta idade ainda não se sentem suficientemente seguras para acreditarem que os amigos gostam delas como são e sabem que o aspeto físico desempenha um papel importante. Deve-se entender que é escusado tentar convencer qualquer adolescente de que a aparência não interessa. Para os adolescentes interessa e muito. É inegável, que os jovens mais atraentes são os mais populares e que os pouco atrativos são os que tendem a ser os mais impopulares. Por isso, mesmo que custe a um pai acreditar que as borbulhas, o cabelo encaracolado ou outros problemas na aparência do adolescente lhe está a dar cabo da vida, eles são, na realidade, problemas importantes. É necessário que os pais levem a sério e façam o que puderem para ajudar o adolescente a ultrapassar esses problemas. É preciso uma grande dose de autoconfiança maior do que aquela que a maioria dos adolescentes possuem para causar uma boa impressão nos outros.


Concluindo:
O melhor que se pode aprender com os membros da família é como fazer que cada um deles se sinta valorizado. A família é um sistema dinâmico: cada relação é diferente, pois todas as personalidades são diferentes. 
Ouvir é a ferramenta mais poderosa que os pais possuem, devem usá-la de forma a fazer com que o adolescente possa dizer o que sente e o que o motiva a sentir-se daquela maneira. 
Os adolescentes têm um forte sentido de equidade e justiça. Não respeitam nem cumprem as leis caso detetarem nelas hipocrisia ou dualidade. 
A desarrumação enfurece quase todos os pais que a consideram uma falta de consideração e irresponsabilidade. Para um adolescente, que os pais não esqueçam, o quarto é o espaço só seu. 
Os pais discordam muitas vezes dos adolescentes que teimam em fazer os trabalhos de casa enquanto ouvem música, mas a responsabilidade é dos adolescentes e não dos pais. 
A família que sempre se orgulhou de ser muito unida pode fazer com que os adolescentes tenham dificuldade em separar-se dela; e talvez tornem-se para eles mais difícil fazer amigos.  
Para os adolescentes, as aparências contam muito e a maquilhagem (nas meninas) é uma forma de adquirirem confiança. Os pais devem ser cuidadosos nos comentários. 
A adolescência é a fase mais complicada que os pais terão de enfrentar. Não existem receitas, nem medicamentos para acabar com a rebeldia dos adolescentes, mas existe o saber ouvir será um caminho que os pais terão de percorrer com paciência. 


terça-feira, 20 de outubro de 2015

O insucesso escolar


O que é o insucesso escolar?

Insucesso escolar entende-se por uma grande dificuldade de uma criança com resultados abaixo do nível mínimo de educação esperada para sua idade.
Certas crianças são intelectualmente dotadas e outras não. Poderá a criança ter uma personalidade simpática, sem qualquer tipo de problemas psicológicos mas que não consegue, muito simplesmente, aprender e acha difícil agarrar-se aos livros. 

Os problemas da criança são derivados do domínio da linguagem tanto oral como escrita. É óbvio que toda a criança que manifeste falhas na compreensão da leitura e na expressão escrita, reflete em classificações baixas e aproveitamento insuficiente para superar o êxito dos anos de escolaridade. 
Como a aprendizagem se faz por meio da comunicação, é da maior importância o domínio da compreensão e expressão oral. 
Outra fonte de problemas provém do domínio da linguagem matemática, em que se inclui o número, as quantidades, os sinais, as relações, as representações espaciais, etc.

Qualquer criança pode sofrer regressões periódicas, isto é, comportamentos mais infantis que os correspondentes à sua idade, com perda ou diminuição de algum dos avanços já conseguidos. É natural que passe por confusões transitórias, que a tornem mais dependente, barulhenta e agressiva, menos capaz de suportar as pressões educativas.

Fatores do insucesso escolar:
  • ambiente familiar e social
  • ambiente cultural
  • estrutura escolar
  • caraterísticas individuais do aluno

No ambiente familiar costumam ser considerados como confusos, preguiçosos, distraídos, incapazes de concentra-se nas tarefas que têm de realizar, em suma, sem interesse, nem responsabilidade. Estas crianças sofrem, uma forte pressão ambiental, em que se misturam lisonjas, promessas ou ameaças. São frequentes as expressões como: «Se não estudas, não vês televisão», «Se não fazes os trabalhos de casa, não vais comigo a...», «Se não aprendes, quando fores grandes serás um...», «Se passares de ano, damos-te ...».
Geralmente, são obrigadas a ter «explicações», sob orientação de um professor particular. Este queixa-se do pouco esforço do aluno, do seu desinteresse, da sua instabilidade, da incapacidade de fornecer informações sobre o trabalho de casa (temas a estudar, tarefas marcadas, datas das avaliações...).
Também é corrente a afirmação de que o aluno não tem bases e que se vê impossibilitado de o recuperar no pouco tempo de que tem na sua aula de apoio. Na escola as situações são semelhantes e acrescidas, ou seja, problemas de comportamento, indisciplina, atitudes e gestos que têm a finalidade de chamar atenção.

Comportamentos típicos de crianças com insucesso escolar:
  • desassossego: hiperatividade, distração
  • pouca tolerância à frustração: incapacidade de aceitar um insucesso ou uma crítica, hipersensibilidade
  • irritabilidade:pouco controlo interior, impulsividade, birras
  • ansiedade: tensão, constrangimentos
  • retraimento: passividade, apatia, depressão
  • agressividade: comportamento destrutivo, murros, mordidelas, pontapés
  • procura constante de atenção: absorvente, controlador, impertinente
  • rebeldia: desafio à autoridade, falta de cooperação
  • distúrbios somáticos: gestos nervosos, dores de cabeça, dores de estômago, tiques, chupar no dedo, tamborilar com os dedos, bater com os pés, puxar ou enrolar o cabelo
  • comportamento esquizóide: passar despercebido, falar sozinho, contacto com realidade desorganizado e fraco, comportamento estranho
  • comportamento delinquente: roubar, provocar incêndios
  • autismo: incapacidade de relacionar-se com os outros, inflexibilidade extrema, inadaptação, incapacidade de aprender pela experiência, falta de afeto, incapacidade de comunicar verbalmente
A vivência do insucesso escolar é sentida como uma ameaça, como um perigo interior, como uma fonte de sofrimento de que precisa defender-se. O insucesso escolar costuma estar associado à inteligência do aluno e à sua capacidade mental. 

Quando se pensa em ajudar os pais para prestar apoio à criança com insucesso escolar, ocorre uma série de considerações importantes e que dependerá da eficácia da ação familiar.
Não há receitas! 
Isto porque, cada criança, cada família e cada situação são peculiares e singulares, com modos e formas de relação muito pessoais. Todos são diferentes, desde a identidade até ás vivências. 
Ajudar os pais não quer dizer transformá-los em professores, nem tão pouco sobrecarregá-los dos problemas recorrentes no ensino, caso acontecesse, poder-se-ia em causa a função dos pais, tornando-os ineficazes. É bom que a criança transfira parte dos seus conflitos para ambientes não familiares, ou seja, para uma comunidade escolar que os suporte e controle. 
Os pais devem ser pais e os professores devem ser professores. 
Em determinados momentos, os pais podem ajudar os filhos nas tarefas escolares, interessar-se por elas, comunicarem através dos trabalhos e da atividade escolar, mas sem assumirem a função de professor particular. 

Meios para enfrentar o insucesso escolar:
  • auto-estima (confiança e segurança em si mesmo, sentir-se bom e prestigiado)
  • domínio dos impulsos (normas de comportamento, regras)
  • domínio do símbolo (motricidade, representação simbólica, descarga de tensão)
Uma das condições essenciais para que a criança possa enfrentar com êxito as várias dificuldades que estão presentes no seu processo de crescimento e que ocupam um lugar de relevo as dificuldades escolares, é ter assimilado o próprio EU em forma de auto-estima. Ou seja, que tenha encontrado a sua identidade, sentimentos bondade, de mérito, de confiança em si mesmo, nos pais e em todas as pessoas que fazem parte do seu mundo. 
Há que ter em conta que o insucesso e a impotência não são só da criança, mas de todo o meio que a rodeia e de que espera ajuda. 
Vejamos alguns padrões de comportamento que podem ser considerados como dinamizadores para superar o insucesso escolar. 
  • atitude de paciência - «dar tempo ao tempo»
  • atitude de observação
  • apoiar a confiança em si mesmo
  • participação da criança no grupo - tarefas domésticas ou atividades do grupo familiar
  • o jogo como atividade criadora - converte dificuldade em êxito; representação de papéis; converte a agressividade em atividade socialmente aceite; controlo do medo; disciplina social
  • conhecimento do mundo infantil - a criança tem os seus interesses que revela nas suas preferências de leitura, nos programas televisivos, nos jogos, no relacionamento com os colegas. Aqui o adulto deve saber que estes aspetos podem facilitar a comunicação e o intercâmbio educativo. 
Resumindo, a colaboração contínua entre pais e professores é um caminho a percorrer para construir o sucesso escolar, não esquecendo de que não existem receitas, mas sim entreajuda, paciência e colaboração para com a criança.É necessário que a comunidade familiar e escolar consigam trabalhar em conjunto em função da criança, para que este consiga superar todos os obstáculos que se vai deparando no seu dia-a-dia.