terça-feira, 13 de outubro de 2015

Bullying na Educação Infantil - É possível?


Se existe bullying na Educação Infantil
Sim, se houver a intenção de ferir ou humilhar o colega repetidas vezes.

Todos os pais devem ter em conta que os problemas com que se deparam as crianças quando entram na escola costumam ter origem muito antes dos três anos. 

Observa-se a agressividade na educação infantil a partir de inúmeras cenas que encontramos no quotidiano escolar e, até mesmo no meio familiar. 

A agressividade pode ser hostil, com a intenção de magoar ou de ser cruel com alguém, seja física ou verbalmente. Ou ainda pode aparecer com o intuito de conquistar uma recompensa, sem desejar o mal do outro. 

A agressividade surge ainda em reação a uma frustração. As birras, as gritarias e os chutos. Comportamento comum, mas que existe a necessidade de ser amenizado até extinguido, com o intuito de explicar à criança que não é um comportamento adequado. 

Outro aspeto fundamental ao desenvolvimento do comportamento agressivo é o meio ambiente em que a criança está inserida: família, escola, estímulos recebidos por meios de comunicação, e fatores inatos como sexo e hereditariedade. 

É essencial saber discernir quando um comportamento agressivo é passageiro, por motivos temporários, como o nascimento de um irmão, hospitalização ou a perda de um ente querido, mudança de casa ou escola. Pode ser considerado como um transtorno de conduta, caso em que será necessário um acompanhamento de um especialista para auxiliar e acabar com o problema. Se não dermos a devida importância nesta fase as atitudes poderão evoluir de forma prejudicial na adolescência e na vida adulta.

A diferença de sexo também pode indicar um aspeto da agressividade. Diversas investigações apontam que as raparigas evoluem precocemente, em relação aos rapazes para adaptarem-se em grupos e socializarem-se com maior facilidade. Os rapazes tendem a apresentar mais problemas para adaptação social. 

Segundo as teorias de Piaget, podemos classificar o desenvolvimento cognitivo em diversas etapas. Na educação infantil passamos por duas: Sensório-motora  que vai do nascimento aos 2 anos de idade. Nesta fase a criança utiliza basicamente os sentidos para conhecer o mundo. Tudo aqui acontece por reflexos e a criança leva tudo à boca; Pré-operatória que vai dos 2 aos 7 anos onde a criança começa a adquirir noções de tempo e espaço. Ainda não há raciocínio lógico e as ações para ela são irreversíveis. 

Uma criança que morde um colega até aos 2 anos de idade, não pode ser rotulada como agressiva. Nesta idade ela ainda não sabe usar a linguagem verbal e a linguagem corporal acaba por ser o meio mais eficaz de chamar atenção. Aqui a criança é egocêntrica, e acredita que o mundo existe em função dela.  
Entre crianças menores, é comum que as brigas estejam relacionadas com a disputa de território, de posse ou de atenção do pai, da mãe ou do educador/professor - o que não carateriza o bullying.

Quando uma criança morde ou empurra o seu colega, a sua intenção é obter o mais rápido possível o objeto desejado, visto que, não consegue verbalizar de forma coerente. 
Esta fase é natural, mas que fique bem claro, que o adulto não pode ficar de «braços cruzados», como simples observador, e sim agir quando necessário, evitando que as crianças se magoem, começar por explicar que tal atitude é errada. 

Por volta dos 2 anos de idade, há uma primeira tomada de consciência de «quem sou eu», separada de outros objetos, como a mãe.

Entre os 3 anos de idade a criança já adquiriu um bom vocabulário e começa a descobrir o prazer de brincar e de comunicar com o outro. O egocentrismo começa a desaparecer e a socialização inicia-se. Começam a identificar-se como um indivíduo diferente do outro, sendo possível que a criança seja alvo ou vítima de bullying. Esta conduta será mais frequente no momento em que estabelecer uma relação entre os pares, no dia-a-dia.

Já aos 4, 5 e 6 anos, alguns comportamentos de discriminação podem ser vistos como repetitivos. Por exemplo, se uma criança apresentar alguma particularidade, como não conseguir segurar o «xixi», e os colegas segredarem a situação ou lhe derem algum apelido para ofendê-la constantemente, trata-se de um caso de bullying. 

Será necessário diferenciar as vivências que a criança tem na família e na escola, onde ocorrem os comportamentos agressivos. Em casa, via da regra, a criança é sempre querida, amada e compreendida, o que não acontece no convívio social onde necessita de conquistar os amigos e inserir-se no grupo.

Muitas crianças recebem apelidos relacionados com os aspetos físicos e de desempenho (gordo, burro, chato, caixa de óculos...etc). Aqui o papel do educador/professor é essencial ao identificar e trabalhar com esses aspetos evitando que se repitam. 

A dramatização é uma ferramenta maravilhosa para fazer com que as crianças representem papéis. Essencial ainda para discutir sempre as experiências depois da dramatização. 

Criar regras elaboradas em conjunto também é uma ferramenta eficiente. Quando as próprias crianças criam as regras elas ganham um significado maior e têm um grande impacto nas ações.

Deve-se também trabalhar os valores morais éticos como a solidariedade, a partilha, cooperação, amizade, entre outros. Se o educador/professor criar um ambiente com atividades prazerosas durante o período de aula, a probabilidade de que comportamentos agressivos apareçam é muito menor.

A personalidade da criança forma-se aos 6 anos de idade e por isso, toda a sua experiência e qualidades vividas nesta fase são fundamentalmente importantes. Por mais que, às vezes, possa parecer ineficaz, o elogio, o afeto, o prazer e a compreensão tendem a resultados mais rápidos e mesmo stressantes do que o castigo, o sofrimento e a indiferença.

É muito importante detetar e combater o comportamento agressivo ainda na primeira infância, pois quando a criança não encontra obstáculos ou alguém que a alerte de que não é um comportamento adequado, ela irá perceber que consegue lidar e tirar proveito destas situações e no futuro certa,mente tornar-se-á um agente do bullying e muito provavelmente um adulto violento. 

Concluindo:

Percebemos que o bullying é um problema mundial, universal e preocupante, que para ser combatido será necessário estarmos todos atentos, pois ele pode passar despercebido aos nossos olhos, causando problemas físicos e psicológicos nas crianças/adolescentes/adultos que são alvo de bullying.
Sendo assim, será recomendável que o educador/professor aperfeiçoe a sua metodologia e tome mais conhecimento do problema que é o bullying. Outra sugestão seria o aumento de reuniões/encontros com os pais-filho, família-escola e, principalmente, aluno-aluno.

«A Educação é um processo social, é desenvolvimento. Não é a preparação para a vida, é a própria vida.» (John Dewey)




                











Nenhum comentário:

Postar um comentário