terça-feira, 20 de outubro de 2015

O insucesso escolar


O que é o insucesso escolar?

Insucesso escolar entende-se por uma grande dificuldade de uma criança com resultados abaixo do nível mínimo de educação esperada para sua idade.
Certas crianças são intelectualmente dotadas e outras não. Poderá a criança ter uma personalidade simpática, sem qualquer tipo de problemas psicológicos mas que não consegue, muito simplesmente, aprender e acha difícil agarrar-se aos livros. 

Os problemas da criança são derivados do domínio da linguagem tanto oral como escrita. É óbvio que toda a criança que manifeste falhas na compreensão da leitura e na expressão escrita, reflete em classificações baixas e aproveitamento insuficiente para superar o êxito dos anos de escolaridade. 
Como a aprendizagem se faz por meio da comunicação, é da maior importância o domínio da compreensão e expressão oral. 
Outra fonte de problemas provém do domínio da linguagem matemática, em que se inclui o número, as quantidades, os sinais, as relações, as representações espaciais, etc.

Qualquer criança pode sofrer regressões periódicas, isto é, comportamentos mais infantis que os correspondentes à sua idade, com perda ou diminuição de algum dos avanços já conseguidos. É natural que passe por confusões transitórias, que a tornem mais dependente, barulhenta e agressiva, menos capaz de suportar as pressões educativas.

Fatores do insucesso escolar:
  • ambiente familiar e social
  • ambiente cultural
  • estrutura escolar
  • caraterísticas individuais do aluno

No ambiente familiar costumam ser considerados como confusos, preguiçosos, distraídos, incapazes de concentra-se nas tarefas que têm de realizar, em suma, sem interesse, nem responsabilidade. Estas crianças sofrem, uma forte pressão ambiental, em que se misturam lisonjas, promessas ou ameaças. São frequentes as expressões como: «Se não estudas, não vês televisão», «Se não fazes os trabalhos de casa, não vais comigo a...», «Se não aprendes, quando fores grandes serás um...», «Se passares de ano, damos-te ...».
Geralmente, são obrigadas a ter «explicações», sob orientação de um professor particular. Este queixa-se do pouco esforço do aluno, do seu desinteresse, da sua instabilidade, da incapacidade de fornecer informações sobre o trabalho de casa (temas a estudar, tarefas marcadas, datas das avaliações...).
Também é corrente a afirmação de que o aluno não tem bases e que se vê impossibilitado de o recuperar no pouco tempo de que tem na sua aula de apoio. Na escola as situações são semelhantes e acrescidas, ou seja, problemas de comportamento, indisciplina, atitudes e gestos que têm a finalidade de chamar atenção.

Comportamentos típicos de crianças com insucesso escolar:
  • desassossego: hiperatividade, distração
  • pouca tolerância à frustração: incapacidade de aceitar um insucesso ou uma crítica, hipersensibilidade
  • irritabilidade:pouco controlo interior, impulsividade, birras
  • ansiedade: tensão, constrangimentos
  • retraimento: passividade, apatia, depressão
  • agressividade: comportamento destrutivo, murros, mordidelas, pontapés
  • procura constante de atenção: absorvente, controlador, impertinente
  • rebeldia: desafio à autoridade, falta de cooperação
  • distúrbios somáticos: gestos nervosos, dores de cabeça, dores de estômago, tiques, chupar no dedo, tamborilar com os dedos, bater com os pés, puxar ou enrolar o cabelo
  • comportamento esquizóide: passar despercebido, falar sozinho, contacto com realidade desorganizado e fraco, comportamento estranho
  • comportamento delinquente: roubar, provocar incêndios
  • autismo: incapacidade de relacionar-se com os outros, inflexibilidade extrema, inadaptação, incapacidade de aprender pela experiência, falta de afeto, incapacidade de comunicar verbalmente
A vivência do insucesso escolar é sentida como uma ameaça, como um perigo interior, como uma fonte de sofrimento de que precisa defender-se. O insucesso escolar costuma estar associado à inteligência do aluno e à sua capacidade mental. 

Quando se pensa em ajudar os pais para prestar apoio à criança com insucesso escolar, ocorre uma série de considerações importantes e que dependerá da eficácia da ação familiar.
Não há receitas! 
Isto porque, cada criança, cada família e cada situação são peculiares e singulares, com modos e formas de relação muito pessoais. Todos são diferentes, desde a identidade até ás vivências. 
Ajudar os pais não quer dizer transformá-los em professores, nem tão pouco sobrecarregá-los dos problemas recorrentes no ensino, caso acontecesse, poder-se-ia em causa a função dos pais, tornando-os ineficazes. É bom que a criança transfira parte dos seus conflitos para ambientes não familiares, ou seja, para uma comunidade escolar que os suporte e controle. 
Os pais devem ser pais e os professores devem ser professores. 
Em determinados momentos, os pais podem ajudar os filhos nas tarefas escolares, interessar-se por elas, comunicarem através dos trabalhos e da atividade escolar, mas sem assumirem a função de professor particular. 

Meios para enfrentar o insucesso escolar:
  • auto-estima (confiança e segurança em si mesmo, sentir-se bom e prestigiado)
  • domínio dos impulsos (normas de comportamento, regras)
  • domínio do símbolo (motricidade, representação simbólica, descarga de tensão)
Uma das condições essenciais para que a criança possa enfrentar com êxito as várias dificuldades que estão presentes no seu processo de crescimento e que ocupam um lugar de relevo as dificuldades escolares, é ter assimilado o próprio EU em forma de auto-estima. Ou seja, que tenha encontrado a sua identidade, sentimentos bondade, de mérito, de confiança em si mesmo, nos pais e em todas as pessoas que fazem parte do seu mundo. 
Há que ter em conta que o insucesso e a impotência não são só da criança, mas de todo o meio que a rodeia e de que espera ajuda. 
Vejamos alguns padrões de comportamento que podem ser considerados como dinamizadores para superar o insucesso escolar. 
  • atitude de paciência - «dar tempo ao tempo»
  • atitude de observação
  • apoiar a confiança em si mesmo
  • participação da criança no grupo - tarefas domésticas ou atividades do grupo familiar
  • o jogo como atividade criadora - converte dificuldade em êxito; representação de papéis; converte a agressividade em atividade socialmente aceite; controlo do medo; disciplina social
  • conhecimento do mundo infantil - a criança tem os seus interesses que revela nas suas preferências de leitura, nos programas televisivos, nos jogos, no relacionamento com os colegas. Aqui o adulto deve saber que estes aspetos podem facilitar a comunicação e o intercâmbio educativo. 
Resumindo, a colaboração contínua entre pais e professores é um caminho a percorrer para construir o sucesso escolar, não esquecendo de que não existem receitas, mas sim entreajuda, paciência e colaboração para com a criança.É necessário que a comunidade familiar e escolar consigam trabalhar em conjunto em função da criança, para que este consiga superar todos os obstáculos que se vai deparando no seu dia-a-dia.  



















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