quarta-feira, 13 de abril de 2016

A importância do Professor nos dias de hoje!

Em todas as espécies de animais existe aquilo a que se chama instinto protector, que diz respeito à atitude de proteção dos progenitores  em relação ás suas crias, face aos perigos que o mundo lhes reserva, com o objetivo de as preparar.

Dentro da espécie humana, o que é preparar as crianças o melhor possível? A que se deve aplicar o termo instinto protector? Por norma, a preparação de uma cria para o mundo organiza-se à volta de competências para lidar com aquilo que mais as ameaça: proteger-se dos predadores, das condições atmosféricas, a procura de alimento, a procriação. Contudo, as transformações nos habitats são, às vezes, tão rápidas que não permitem que as espécies se adaptem às novas exigências do meio. Por isso se verifica, por vezes, a extinção de uma determinada espécie. 
A espécie humana é a mais complexa de todos animais. As crias dos humanos são, sem dúvida, aqueles que mais aprendizagens fazem como preparação para a idade adulta. Talvez por isso é que a espécie humana seja a única que está organizada de forma a que não sejam os progenitores os únicos intervenientes na preparação das «crias», mas se tenha criado a função e uma categoria especificamente vocacionada para a preparação das «crias» para a idade adulta: os professores. 

O que se espera desta organização é uma complementariedade no desenvolvimento das competências que ajudarão as «crias» a movimentarem-se na sociedade de uma forma adaptativa. A questão que se coloca é saber, então, quais são essas competências que é necessário desenvolver nas «crias» humanas.
Contudo, não podemos esquecer que os professores não são os pais destas «crias», e que existe uma responsabilidade acrescida da parte dos progenitores em projectar e construir um caminho orientador das suas «crias», sem colocar a total responsabilidade aos professores. 

As mais evidentes são as competências diretamente ligadas com a sobrevivência (alimento e propagação da espécie). A forma como os seres humanos asseguram a sua alimentação é através do exercício de uma atividade que lhes dará dinheiro para adquirirem os bens de que necessitam. Por isso, pais e professores(e principalmente a escola) organizam-se para que as «crias» desenvolvam competências no sentido de virem a desempenhar uma tarefa capaz de lhes garantir o sustento, ou seja, preparam-na para o exercício de uma profissão.

Parte-se do principio que o ajustamento dos indivíduos dependerá da forma como consiga fazer contas, ler um texto, saber falar uma língua estrangeira ou utilizar um computador. E se estas competências seriam, suficientes numa outra espécie animal, nos homens existe uma outra dimensão, igualmente importante para a sobrevivência - a dimensão emocional. 

Esta dimensão é frequentemente direccionada para segundo plano, não se dando importância ao que chamamos de sobrevivência emocional dos indivíduos. É que o termo sobrevivência não diz respeito apenas a viver ou morrer,mas também à qualidade de vida. E neste sentido, cada vez surgem mais evidências de que a qualidade de vida emocional dos indivíduos da nossa sociedade está cada vez mais longe de conseguir o que seria o mais adequado ou desejável.

Para além das vertentes emocionais interligarem-se em outras vertentes (por exemplo a aprendizagem e a forma como os indivíduos se envolvem nas actividades), são elas próprias o alvo de atenção particular. Por exemplo, a classe de medicamentos mais vendida em Portugal são os ansiolíticos (medicamentos para ajudar as pessoas a lidarem com a ansiedade). Por outro lado, muitos dos problemas sociais graves, como a delinquência e a toxicodependência, têm na sua origem factores emocionais. Por isso, faz sentido perguntar: preparar as crianças para a sociedade deve cingir-se a ensiná-las a ler, a aprender matemática? Ou será que deverá contemplar, também a prioridade, ajudar as crianças a lidarem com o seu mundo interno?

A sobrevivência da raça humana depende não só do fator económico mas também do ajustamento psicossocial. Daí que a escola deva constituir-se como um contexto privilegiado no desenvolvimento de competências de gestão do mundo interno. A legislação e os currículos escolares defendem que o professor deve educar o aluno como ser total, desenvolvendo não só as competências de saber-saber, como também de saber-estar e de saber-ser. A questão é: que meios é que a própria constituição, que os próprios currículos oferecem aos professores para o fazerem?

A verdade é que se pede aos professores que desenvolvam determinadas competências sem que lhes sejam dados instrumentos específicos para esse trabalho; nem sequer na universidade são formados no sentido de desenvolverem estas competências. 
Contudo, não podemos dar toda responsabilidade da educação aos professores, pois os pais podem e devem desenvolver determinadas competências aos seus filhos, como o saber-ser e saber-estar. Quando incutem a responsabilidade aos professores sobre a educação dos alunos, essa responsabilidade é dos pais.

Até há bem pouco tempo, dizia-se que os avós eram, a seguir aos pais, as figuras mais importantes na educação das crianças. Nos dias de hoje, em que a célula familiar está em profundas mudanças, em que os avós não estão tão presentes na vida das crianças, os professores são, sem dúvida, a seguir aos pais, os elementos mais importantes na educação das crianças.
Os professores surgem nos nossos dias, envoltos de um paradoxo: com um estatuto em declínio (hoje o professor já não é aquela figura de referência de há uns 50 anos atrás) e com um papel cada vez mais importante no desenvolvimento da criança.

Mas, afinal, o que é ser professor?

Um professor é uma espécie de mágico que tem o poder de transformar os pequenos acontecimentos e experiências das crianças em estórias de felicidade!
Estes são os professores dos nossos dias...Esses agentes a quem se pede muito e a quem, em determinados domínios, se oferece tão pouco! Um exemplo disto é o desenvolvimento da auto-estima, auto-controlo, gestão de emoções e competências sociais.
A escola é apontada como um importante complemento da educação parental. os professores são transformados em «pais substitutos», mas não lhes são dados nem formação especifica nem materiais para o fazerem. 

Muitos professores, os heróis, que muitas vezes salvam vidas sem terem as capas e os super poderes dos super-heróis, lidam com questões do ajustamento psicológico como podem. Mas nem assim escapam ás criticas de muitos pais e até mesmo da comunidade envolvente. Ou porque são maus, ou porque são insensíveis, ou porque são preguiçosos. A verdade é que difícil fazer mais. 

Uma questão que parece essencialmente importante: é legítimo e justo que se espere tanto de um professor quando o que se lhe dá é tão pouco? Não será hipócrita esta atitude por parte da sociedade, que insiste em valorizar a importância dos professores no ajustamento das crianças, ao mesmo tempo que insiste em nada fazer para os ajudar a levar a cabo esta tarefa? A mesma sociedade que insulta, agride, incentiva a violência quando falam mal dos professores aos seus filhos...a sociedade que tanto «valoriza» o professor e que ao mesmo tempo os coloca «no caixote do lixo»...a sociedade que valoriza a educação e os valores e que acaba por fazer o inverso...a sociedade que tem medo de educar os filhos e entendem que devem ser os professores a fazê-lo...a mesma sociedade...

Como seria de esperar, esta pressão reflecte-se no desempenho dos próprios professores: o desânimo aprendido, o stress, a depressão e a ansiedade. Ser professor nos nossos dias é o equivalente de ser policia, ou seja, uma profissão de risco. Não existem garantias de que a educação irá melhorar e que a família se vã empenhar a mudar os comportamentos dos seus filhos, das suas «crias». 

Atribuir e reconhecer a grande importância dos professores no processo de desenvolvimento das crianças terá de ser sinónimo de um grande investimento na formação dos professores, por um lado, e na produção de instrumentos que lhes permitam trabalhar determinadas variáveis, por outro. É óbvio que todas estas palavras são fáceis de escrever, quando nos deparamos com alunos agredirem professores, pais agredirem professores, insultos dos alunos e dos pais. O que na verdade terá que mudar e muito, será sem dúvida o comportamento dos pais, pois estes são a imagens dos seus filhos. Se temos um pai que insulta e agredi um professore é natural para o filho/aluno que o faça na sala de aula pois saberá à partida que o seu comportamento é aceite pela família.

Todo o respeito pelos professores terá de mudar dentro e fora de sala de aula. Os pais deverão e devem ser responsabilizados pelo comportamento delinquente dos seus filhos. Sei que terei grandes criticas de pais que vão dizer: não temos de ser responsabilizados pelo comportamento dos nossos filhos, não temos culpa que eles andem com más companhias, não sabemos o que aconteceu na sala de aula, os meus filhos nunca fariam tal coisa pois eles não foram educados assim...

Pois bem PAIS... a culpa é vossa sem dúvida e não culpem os «maus amigos»...algo dentro do seio familiar está mal quando temos adolescentes a baterem em professores que estão doentes ou que querem ordem na sala de aula. Quando os pais forem responsabilizados seriamente pelos comportamentos delinquentes dos seus filhos, será a altura em que os pais vão começar a trabalhar a educação. Educar é difícil, e para isso é necessário trabalhar, exatamente quando temos um emprego, temos de trabalhar para o manter, a EDUCAÇÃO também é assim...requer trabalho. 

PAIS não cometam o erro de serem os vossos filhos a educarem-se, isso ESTÁ ERRADO....MUITO ERRADO. 

Vocês são os pais, os donos do saber, os donos da educação, os donos das regras...os filhos só têm de cumprir com as regras impostas, não desistam de educar os vossos filhos, eles necessitam de orientação. E os professores não são os educadores familiares, são os educadores do saber. 

Nunca devemos esquecer:
Os professores são os orientadores do saber e os pais os orientadores da educação.

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