quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Tu que apareceste sem dizer nada...

Apareceste sem avisar, sem um único sinal, ou talvez até tenhas avisado mas de forma suave, como uma brisa de vento leve a bater no meu rosto.
Apareceste e invadiste a minha vida pessoal, a minha vida profissional, o meu espaço. 
Destruíste quem a meu lado vivia e quem não vivia. 
Não sabes o quanto me doí a tua vinda ao meu mundo.
Não sabes o quanto me doí a tua existência.
Não tenho sentido do que me rodeia, do que me alcança, e saber que um dia, talvez ele perto, nada a meu redor vai fazer sentido. 
Não sei qual o caminho que vou percorrer, pois andas sempre atrás de mim, como se da minha energia e da minha força dependesse a tua vida, a tua existência. 

Doí saber que adorava ler e escrever, e agora as palavras falham da minha boca, da minha mão e do meu pensamento. Palavras que faziam de mim um ser único, um ser sabedor, um ser culto...e agora...sou um nada...!

Olho para o horizonte e não sei o que vejo, pois faltam as palavras na minha boca para descrever a maravilha das cores, dos cheiros, dos sons, do mundo.
Sinto que tiraste tudo de mim. Porquê? Que fiz eu para me tirares a minha vida, a minha família, os meus amigos, as minhas palavras, os meus sentimentos?


Sabes que o ser humano vive disto tudo e de recordações.
Recordações...! Nem me lembro delas...até as memórias tiraste de mim. Transformaste-me num fantasma, numa transparência, numa loucura.
Não sei o meu passado, o meu presente e o meu futuro. Até isto te apoderaste, como se fosse cancro se tratasse. 

Luto diariamente contra ti, luto com todas as minhas forças, luto com toda a minha energia...mas a luta é dura...e longa. Tento ganhar as batalhas que tenho contra ti, mas sem sucesso. 

E tu que vieste sem avisar, ou talvez até tenhas avisado mas de forma suave, como uma brisa de vento leve a bater no meu rosto, zumbaste, cheia de alegria de mais uma batalha ganha por ti.

Não sei quem sou, não conheço quem me rodeia. Sabes o quanto sofro não saber o meu nome? Não sabes, pois não. Porque não tens sentimentos, és fria, calculista e medonha. 
A mágoa, o desconsolo, a tortura, a dor que me envolve nesta minha vida é dela que te alimentas e que fornece forças para destruíres outros que neste momento passam o mesmo que eu.  

Resta-me pouco, mas gostava de sentir o sabor das palavras, dos sentimentos, dos nomes, das cores, dos sons. Adorava levar comigo para a luz brilhante que surge diante de mim as memórias da minha infância, da minha adolescência, da minha amada, dos meus filhos, dos meus amigos. 

Sinto que tive bons e maus momentos, tive alegrias e desilusões, tive amor e tristeza, juras não concretizadas, viagens feitas e não feitas. 
Sinto que não disse tudo a todos e mais alguns.
Sinto que as palavras me faltavam para dizer o quanto devia ter dito e quanto devia ter amado.
Sinto que o caminho está a ficar pequeno demais para continuar esta viagem de princípio e fim. Sei que a luz que me levará para outro mundo, onde TU não terás lugar.

A minha maior dor e preocupação é saber que ficarás aqui, neste mundo maravilhoso, com pessoas maravilhosas, a quem tu irás destruir a vida tal como destruíste a minha.

Acredito que um dia alguém mais inteligente que tu, te irá destruir, encontrará um meio para que tu não destruas a vida de mais ninguém, um meio em que tu irás perder. 
Quando acontecer, as tuas batalhas serão em vão, pois a guerra será ganha, e EU, ELE, NÓS, VÓS e ELES estaremos aqui sentados nas nuvens a ver-te desaparecer lentamente como as ondas desaparecem na areia da praia. 

EU morro sem saber o meu nome, mas morro a saber o TEU para que o mundo saiba quem me destruiu, quem me derrubou quando já não conseguia mais lutar. TU serás travada e humilhada. TU não serás ninguém. TU serás um rabisco, um desenho mal feito. A ti me despeço, mas acreditando que serás eliminada e destruída, e nunca mais irás fazer sofrer o EU, o ELE, o NÓS, o VÓS e o ELES.  
Findo, dizendo que O TEU nome é Alzheimer. 


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