
Apareceste e invadiste a minha vida pessoal, a minha vida profissional, o meu espaço.
Destruíste quem a meu lado vivia e quem não vivia.
Não sabes o quanto me doí a tua vinda ao meu mundo.
Não sabes o quanto me doí a tua existência.
Não tenho sentido do que me rodeia, do que me alcança, e saber que um dia, talvez ele perto, nada a meu redor vai fazer sentido.
Não sei qual o caminho que vou percorrer, pois andas sempre atrás de mim, como se da minha energia e da minha força dependesse a tua vida, a tua existência.
Doí saber que adorava ler e escrever, e agora as palavras falham da minha boca, da minha mão e do meu pensamento. Palavras que faziam de mim um ser único, um ser sabedor, um ser culto...e agora...sou um nada...!
Olho para o horizonte e não sei o que vejo, pois faltam as palavras na minha boca para descrever a maravilha das cores, dos cheiros, dos sons, do mundo.
Sinto que tiraste tudo de mim. Porquê? Que fiz eu para me tirares a minha vida, a minha família, os meus amigos, as minhas palavras, os meus sentimentos?
Sabes que o ser humano vive disto tudo e de recordações.
Recordações...! Nem me lembro delas...até as memórias tiraste de mim. Transformaste-me num fantasma, numa transparência, numa loucura.
Não sei o meu passado, o meu presente e o meu futuro. Até isto te apoderaste, como se fosse cancro se tratasse.
Luto diariamente contra ti, luto com todas as minhas forças, luto com toda a minha energia...mas a luta é dura...e longa. Tento ganhar as batalhas que tenho contra ti, mas sem sucesso.
E tu que vieste sem avisar, ou talvez até tenhas avisado mas de forma suave, como uma brisa de vento leve a bater no meu rosto, zumbaste, cheia de alegria de mais uma batalha ganha por ti.
Não sei quem sou, não conheço quem me rodeia. Sabes o quanto sofro não saber o meu nome? Não sabes, pois não. Porque não tens sentimentos, és fria, calculista e medonha.
A mágoa, o desconsolo, a tortura, a dor que me envolve nesta minha vida é dela que te alimentas e que fornece forças para destruíres outros que neste momento passam o mesmo que eu.
Resta-me pouco, mas gostava de sentir o sabor das palavras, dos sentimentos, dos nomes, das cores, dos sons. Adorava levar comigo para a luz brilhante que surge diante de mim as memórias da minha infância, da minha adolescência, da minha amada, dos meus filhos, dos meus amigos.
Sinto que tive bons e maus momentos, tive alegrias e desilusões, tive amor e tristeza, juras não concretizadas, viagens feitas e não feitas.
Sinto que não disse tudo a todos e mais alguns.
Sinto que as palavras me faltavam para dizer o quanto devia ter dito e quanto devia ter amado.
Sinto que o caminho está a ficar pequeno demais para continuar esta viagem de princípio e fim. Sei que a luz que me levará para outro mundo, onde TU não terás lugar.
A minha maior dor e preocupação é saber que ficarás aqui, neste mundo maravilhoso, com pessoas maravilhosas, a quem tu irás destruir a vida tal como destruíste a minha.
Acredito que um dia alguém mais inteligente que tu, te irá destruir, encontrará um meio para que tu não destruas a vida de mais ninguém, um meio em que tu irás perder.
Quando acontecer, as tuas batalhas serão em vão, pois a guerra será ganha, e EU, ELE, NÓS, VÓS e ELES estaremos aqui sentados nas nuvens a ver-te desaparecer lentamente como as ondas desaparecem na areia da praia.
EU morro sem saber o meu nome, mas morro a saber o TEU para que o mundo saiba quem me destruiu, quem me derrubou quando já não conseguia mais lutar. TU serás travada e humilhada. TU não serás ninguém. TU serás um rabisco, um desenho mal feito. A ti me despeço, mas acreditando que serás eliminada e destruída, e nunca mais irás fazer sofrer o EU, o ELE, o NÓS, o VÓS e o ELES.
Findo, dizendo que O TEU nome é Alzheimer.
Muito lindo este texto!
ResponderExcluirObrigada :)
ResponderExcluirLindo e real!!
ResponderExcluirObrigado :)
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